sábado, 31 de julho de 2010

"WILSON SIMONAL"


Wilson Simonal de Castro (Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 1939 —
25 de junho de 2000) foi um cantor brasileiro de muito sucesso nas décadas de
1960 e 1970.
Simonal teve uma filha, Patricia, e dois filhos, também músicos:
Wilson Simoninha e Max de Castro.
Filho de uma empregada doméstica, Simonal era cabo do Exército quando começou a cantar, nos bailes do 8º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado (8º GACOSM),
então sediado no Leblon. Seu repertório se constituía basicamente de calipsos
e canções em inglês.
Em 1961, foi crooner do conjunto de calipso Dry Boys, integrando também o conjunto Os Guaranis. Apresentou-se no programa Os brotos comandam, apresentado por Carlos Imperial, um dos grandes responsáveis por seu início de carreira. Cantou nas casas noturnas Drink e Top Club. Foi levado por Luiz Carlos Miéle e Ronaldo Bôscoli para o Beco das Garrafas, que era o reduto da bossa nova. De acordo com o jornalista Ruy Castro, "quando surgiu o cantor no Beco das Garrafas, Simonal era o máximo para seu tempo: grande voz, um senso de divisão igual aos dos melhores cantores americanos e uma capacidade de fazer gato e sapato do ritmo, sem se afastar da melodia ou apelar para os scats fáceis".
Em 1964, viajou pela América do Sul e América Central, junto com o conjunto Bossa Três, do pianista Luís Carlos Vinhas.
De 1966 a 1967, apresentou o programa de TV Show em Si ...monal, pela TV Record - canal 7 de São Paulo. Seu diretor era Carlos Imperial. Revelou-se um showman, fazendo grande sucesso com as músicas País tropical (Jorge Ben), Mamãe passou açúcar em mim, Meu limão, meu limoeiro e Sá Marina Carlos Imperial, num swing criado por César Camargo Mariano, que fazia parte do Som Três, junto com Sabá e Toninho, e que foi chamado de pilantragem (uma mistura de samba e soul), movimento também idealizado e capitaneado por Carlos Imperial.
Em 1970, acompanhou a seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo, realizada no México, onde tornou-se amigo dos jogadores de futebol Carlos Alberto e Jairzinho e do maestro Erlon Chaves.
Nessa época, Simonal era um dos artistas mais populares e bem pagos do Brasil, bastante assediado pela imprensa e pelos fãs. Vivia o auge de sua carreira. Foi o primeiro negro a apresentar sozinho um programa de televisão no país - o Show em Si...Monal, dirigido por Carlos Imperial - no qual era acompanhado por César Camargo Mariano, Sabá e Toninho, que formavam o Som 3.

Sequestro do contador

No início da década de 1970, Simonal teria sido vítima de um desfalque e demitiu seu contador, Raphael Viviani, o suposto culpado. Este moveu uma ação trabalhista contra o cantor. Em agosto de 1971, Simonal recrutou dois amigos (um deles seu segurança) militares para arrancar uma "confissão" do contador, que foi torturado nas dependências do Dops.Este, afinal, acabou assinando a confissão de culpa no desfalque.
Simonal conhecia os agentes do Dops há dois anos, quando havia deposto, como suspeito, a respeito da presença de uma bandeira soviética no cenário de um de seus shows. O que ele não contava era que Viviani daria queixa do espancamento e, quando os jornais noticiaram o fato, os envolvidos foram obrigados a se explicar.

Relações com a polícia, política e órgãos de informação

Processado sob acusação de extorsão mediante sequestro do contador, Simonal levou como testemunha aquele mesmo policial do Departamento de Ordem Política e Social do então Estado da Guanabara, Mário Borges, que o apontou em julgamento como informante do Dops. Outra testemunha de defesa, um oficial do I Exército (atual Comando Militar do Leste), afirmou que o réu colaborava com a unidade.
Simonal foi julgado culpado pelo sequestro e, em 1972, quando estava prestes a lançar o seu "disco de retomada", condenado a uma pena de cinco anos e quatro meses, que cumpriu em liberdade. Nos autos, Simonal era referido como colaborador das Forças Armadas e informante do DOPS. Em 1976, em acórdão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, também é referida a sua condição de colaborador do DOPS.

"Em sua argumentação final, o ilustre meritíssimo alega que não tem como julgar os agentes do DOPS, já que estávamos vivendo um estado de exceção e, por isso, ele não tinha competência para julgar atos que poderiam ser de segurança nacional, mas Wilson Simonal, que era civil, não tinha esse tipo de “cobertura”, portanto pena de 5 anos e 4 meses para ele(...) Se em 1971 fosse provado que ele era um colaborador, ele não seria julgado por isso, seria condecorado," escreve o comediante Claudio Manoel, produtor e diretor do documentário "Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei".
O compositor Paulo Vanzolini, no entanto, afirma, em entrevista ao Caderno 2 do Estadão, que Simonal era, de fato, "dedo duro" do regime militar e complementa: "Essa recuperação que estão fazendo do Simonal é falsa. Ele era dedo-duro mesmo. Ele se gabava de ser dedo-duro da ditadura' (...) na frente de muitos amigos ele dizia 'eu entreguei muita gente boa' ", conclui.No entanto, jamais houve registro de alguém que declarasse ter sido delatado por Simonal. Nem mesmo a Rede Globo, a qual Simonal jurava que havia um documento proibindo sua entrada nos programas da emissora, registra que haja documentos vetando o cantor.

Raphael Viviani, em depoimento para o filme, relata que Simonal estaria no Dops e teria assistido à sua tortura e não teria tido dó.
O humorista Chico Anysio e o jornalista Nelson Motta, dentre outras personalidades, afirmam que até a presente data não apareceu uma vítima sequer das ditas delações de Simonal. O jornal O Pasquim, frente de luta contra a ditadura militar, através de pessoas como Ziraldo e Jaguar, ocupou-se de propagar as acusações que destruíram a carreira de Simonal.

Ostracismo e morte

Simonal caiu em absoluto esquecimento a partir da década de 1980. Segundo sua segunda mulher, Sandra Cerqueira, "Ele dizia para mim: 'Eu não existo na história da música brasileira' ".
Tornou-se deprimido e alcoólatra, vindo a morrer de complicações decorrentes do alcoolismo.

Reabilitação

Em 2002, a pedido da família, a Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) abriu um processo para apurar a veracidade das suspeitas de colaboração do cantor com os órgãos de informação do regime militar. A comissão analisou documentos da época, manteve contato com pessoas do meio artístico, como o comediante Chico Anysio e os cantores Ronnie Von e Jair Rodrigues, e analisou reportagens publicadas nos jornais. Em notícia veiculada em 1992 pelo Jornal da Tarde, por exemplo, Gilberto Gil e Caetano Veloso declararam não ter tido problemas de convivência com Simonal.
Além de depoimentos de artistas e de material enviado por familiares e amigos, constou do processo um documento de janeiro de 1999, assinado pelo então secretário nacional de Direitos Humanos, José Gregori, no qual atestava que, após pesquisa realizada nos arquivos de órgãos federais, como o SNI e o Centro de Informações do Exército (CIEx), não foram encontrados registros de que Simonal tivesse sido colaborador, servidor ou prestador de serviços daquelas organizações.

Em 2003, concluído o processo, Wilson Simonal foi moralmente reabilitado pela Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em julgamento simbólico.
Em 2009, foi lançada a biografia Nem Vem que Não Tem - A Vida e o Veneno de Wilson Simonal. Nela seu autor, o jornalista Ricardo Alexandre, apresenta fatos que tentam levar o leitor a acreditar na inocência alegada por Simonal. A narrativa desenvolvida no livro sustenta que, para se inocentarem, os agentes do Dops que torturaram o contador teriam improvisado uma farsa: Viviani seria um possível terrorista denunciado por Simonal. Para dar um ar de credibilidade à história, o cantor assinou documento em que se assumia acostumado a "cooperar com informações que levaram esta seção [o Dops] a desbaratar por diversas vezes movimentos subversivos no meio artístico".

Documentário

Em 2009, foi lançado o documentário Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei, dirigido por Claudio Manoel (da troupe Casseta & Planeta), Micael Langer e Calvito Leal. Segundo Manuel, Simonal "pagou uma pena dura demais, desproporcional para uma surra, porque sua condenação foi até o fim da vida. Para ele, não teve anistia".

Discografia

1961 - Teresinha (Carlos Imperial)
1963 - Tem algo mais
1964 - A nova dimensão do samba
1965 - Wilson Simonal
1966 - Vou deixar cair...
1967 - Wilson Simonal ao vivo
1967 - Alegria, alegria !!!
1968 - Alegria, alegria - volume 2
1968 - Quem não tem swing morre com a boca cheia de formiga
1969 - Alegria, alegria - volume 3
1969 - Cada um tem o disco que merece
1969 - Homenagem à graça, à beleza, ao charme e ao veneno da mulher brasileira
1970 - Jóia
1972 - Se dependesse de mim
1975 - Ninguém proíbe o amor
1977 - A vida é só cantar
1979 - Se todo mundo cantasse seria bem mais fácil viver
1981 - Wilson Simonal
1985 - Alegria tropical
1991 - Os sambas da minha terra
1995 - Brasil
1997 - Meus momentos: Wilson Simonal
1998 - Bem Brasil - Estilo Simonal
2002 - De A a Z : Wilson Simonal
2003 - Alegria, alegria
2003 - Se todo mundo cantasse seria bem mais fácil viver (relançamento)
2004 - Rewind - Simonal Remix
2004 - Wilson Simonal na Odeon (1961-1971)
2004 - Série Retratos: Wilson Simonal
2009 - Simonal - Ninguém Sabe o Duro Que Dei
2009 - Wilson Simonal - Um Sorriso Pra Você

domingo, 4 de julho de 2010

" JOSÉ RICARDO "


José Ricardo - nome artístico de José Alves Tobias
(Rio de Janeiro, 6 de março de 1939 - 11 de maio de 1999),
foi um cantor brasileiro, integrante da chamada Jovem Guarda,
destacou-se ainda pela ajuda aos velhos artistas.
Cantor. Compositor. Nascido no bairro da Tijuca, mudou-se aos dez anos de idade para o IAPI - Penha, onde o pai, Sr. Philemon, recebera por sorteio um apartamento financiado. Iniciou sua carreira artística ainda criança, apresentando-se no programa "Ritmos da Polícia Militar", na Rádio Guanabara.
Sua avó materna, italiana, estimulava sua vocação.
Posteriormente, apresentou-se em programa de calouros comandado por Isaac Zaltman, na Rádio Mauá. Começou a cantar na Rádio Guanabara,
logo se apresentando em outras emissoras.

Sua primeira gravação aconteceu num teste na RCA Victor, onde cantou um sucesso de Altemar Dutra - "Tudo de Mim" - em setembro de 1963.Neste ano, recebeu da Revista do Rádio o prêmio de "Revelação do ano". Contratado pela RCA Victor, gravou em 1964, um compacto simples com a canção "Eu que amo somente a ti", versão de Aldacir Louro para a canção italiana "Io che amo solo te", de Sérgio Endrigo. A gravação foi hit em programas de Rádio como "Grande parada Pastilhas Valda", apresentado por César de Alencar na Rádio Nacional. Em 16 de fevereiro de 1965, foi lançado o LP "Eu que Amo Somente a Ti". Participou do LP "Rio de Janeiro 400 anos", interpretando "Terra carioca" e "Rio de Janeiro". Com o sucesso, participou de diversos programas no rádio e TV, apresentando-se por todo o país.
Na década de 1960, o programa "Encontro com os brotos", apresentado por José Messias na Rádio Guanabara, permitiu-lhe ser um dos precursores da Jovem Guarda que, na mesma época a partir do programa da TV, começava a estourar em São Paulo.
Seu nome eternizou-se na música ´Festa de Arromba´ e a carreira seguiu.
Realizou centenas de gravações em mais de 60 compactos simples/duplos, LPs, CDs, coletâneas e regravações.
De voz possante, não limitou-se ao repertório romântico da Jovem Guarda,
realizando diversas gravações para meio de ano e Carnaval. Realizou várias temporadas no exterior. Gravou disco em espanhol e foi homenageado pelo presidente de Portugal. A partir de 1991, lutou pela criação dos bailes populares da Cinelândia, buscando a revitalização do Carnaval Carioca. O projeto abriu novo campo de trabalho para inúmeros artistas e é realizado até hoje. No Reveillon de 1998/1999, fez, na Praia de Copacabana, seu último grande show.
Além da atuação artística, sempre lutou para ajudar artistas em dificuldade.
Foram vários colegas que auxiliou com sua personalidade solidária.
A partir dos anos 1980, assumiu, como membros de sua família,
as Irmãs Batista (Linda, Odete e Dircinha).
Faleceu pouco depois de completar 60 anos de idade, vitimado por um câncer.
Foi velado na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e, quando o carro do Corpo de Bombeiros deixava a Cinelândia, foi acompanhado por uma pequena
multidão que o aplaudia.
Por sua história e lição de vida, em 2000, foi homenageado com seu nome
sendo dado à FUNJOR - Fundação Sócio-Cultural José Ricardo (www.funjor.org.br).